Auto da Barca do Inferno II (texto livre)
(Só um aviso... Este texto não tem nada a ver com o género dos outros textos que é costume por aqui no Wolven Soul. Foi só mesmo para imortalizar estes dois achados que julgava perdidos por entre a desarrumação arrumada do meu quarto...)
(chega um homem com má aparência, a roupa aos farrapos, os olhos meio revirados, à Barca do Inferno.)
Traficante: Está aí alguém dentro desse barco em chamas?
Diabo: Ai, sejas bem vindo, meu caro vendedor de desejos! Tens algum pacotinho para mim?
Traficante: Só se pagares. Esta ervinha terrestre é da boa. No caminho até cá não vi nada que se parecesse com ela.
Diabo: Ofereço-te uma viagem em troca desse saquinho que tens escondido no sapato.
Traficante: Mas... Mas quem és tu? Não és aquele que nos leva a todos para um lugar onde nem o cheiro da doce erva faz efeito?
Diabo: Sou, sim. Por isso te peço para provar um pouco disso. Parece-me bom.
Traficante (atrapalhado): Mas... Eu não posso ir nesse barco, então. Sem o meu mundo, não irei. Sem os sonhos que tenho de dia, não vou. Quero ir a um sítio onde possa partilhar os prazeres da coca com os outros.
Diabo: Ainda esperas entrar naquela além?
Traficante: Talvez vá. Mas nesta não entro. Não sem garantias de que poderei voltar a sentir aquela pica quando a coca faz efeito.
Diabo: Experimenta. Mas olha que não há nada melhor do que um bom cruzeiro. E mais! Essa barca de pesca ao lado não te servirá, se o que pretendes é partilhar esse êxtase com os outros.
Traficante: Porquê?
Diabo: São poucos os que lá entram. E desses poucos, são todos puros. Nunca provaram nada disso.
Traficante: Não há problema. Também tenho pastilhas para os fracotes.
(dirige-se à barca do Anjo)
Traficante: Ó Anjo, minha doce heroína!
Anjo: Heroína?! Também tencionas contaminar os de cá?
Traficante: Contaminar? Eu venho espalhar a felicidade, os momentos de êxtase, os prazeres simples que se escondem numa seringa!
Anjo: Os teus prazeres, guarda-los para ti! Nesta barca, não entrarás!
Traficante (segredando ao ouvido do Anjo): As primeiras doses são por minha conta...
Anjo: Basta! Seu inconsciente! Não percebes que essa folia te consome?
Traficante: Claro que consome... Todas as minhas dificuldades... Todos os meus receios... Queres?
Anjo: Afasta-te de mim! Tentações do pecado, leva-as ao Diabo!
Traficante: Já as levei. Mas ele quer levar-me para um sitio onde nada faz efeito.
Anjo: Pobre criatura... E o que é isso? Apenas uma seringa?
Traficante: Tenho mais nos bolsos de trás e nos sapatos... Pó puro...
Anjo: Afasta-te! Pecador! Blasfémia! Filho do Diabo... tens mesmo a certeza que isso é bom? Sê discreto e esconde-te ali debaixo da rede.
(Texto mais estúpido de sempre.)
(chega um homem com má aparência, a roupa aos farrapos, os olhos meio revirados, à Barca do Inferno.)
Traficante: Está aí alguém dentro desse barco em chamas?
Diabo: Ai, sejas bem vindo, meu caro vendedor de desejos! Tens algum pacotinho para mim?
Traficante: Só se pagares. Esta ervinha terrestre é da boa. No caminho até cá não vi nada que se parecesse com ela.
Diabo: Ofereço-te uma viagem em troca desse saquinho que tens escondido no sapato.
Traficante: Mas... Mas quem és tu? Não és aquele que nos leva a todos para um lugar onde nem o cheiro da doce erva faz efeito?
Diabo: Sou, sim. Por isso te peço para provar um pouco disso. Parece-me bom.
Traficante (atrapalhado): Mas... Eu não posso ir nesse barco, então. Sem o meu mundo, não irei. Sem os sonhos que tenho de dia, não vou. Quero ir a um sítio onde possa partilhar os prazeres da coca com os outros.
Diabo: Ainda esperas entrar naquela além?
Traficante: Talvez vá. Mas nesta não entro. Não sem garantias de que poderei voltar a sentir aquela pica quando a coca faz efeito.
Diabo: Experimenta. Mas olha que não há nada melhor do que um bom cruzeiro. E mais! Essa barca de pesca ao lado não te servirá, se o que pretendes é partilhar esse êxtase com os outros.
Traficante: Porquê?
Diabo: São poucos os que lá entram. E desses poucos, são todos puros. Nunca provaram nada disso.
Traficante: Não há problema. Também tenho pastilhas para os fracotes.
(dirige-se à barca do Anjo)
Traficante: Ó Anjo, minha doce heroína!
Anjo: Heroína?! Também tencionas contaminar os de cá?
Traficante: Contaminar? Eu venho espalhar a felicidade, os momentos de êxtase, os prazeres simples que se escondem numa seringa!
Anjo: Os teus prazeres, guarda-los para ti! Nesta barca, não entrarás!
Traficante (segredando ao ouvido do Anjo): As primeiras doses são por minha conta...
Anjo: Basta! Seu inconsciente! Não percebes que essa folia te consome?
Traficante: Claro que consome... Todas as minhas dificuldades... Todos os meus receios... Queres?
Anjo: Afasta-te de mim! Tentações do pecado, leva-as ao Diabo!
Traficante: Já as levei. Mas ele quer levar-me para um sitio onde nada faz efeito.
Anjo: Pobre criatura... E o que é isso? Apenas uma seringa?
Traficante: Tenho mais nos bolsos de trás e nos sapatos... Pó puro...
Anjo: Afasta-te! Pecador! Blasfémia! Filho do Diabo... tens mesmo a certeza que isso é bom? Sê discreto e esconde-te ali debaixo da rede.
(Texto mais estúpido de sempre.)