- sexta-feira, outubro 07, 2005 -

Rosa amarela


Escondidas por entre um ramo de rosas escarlate, senti as rosas amarelas da traição... Um roçar de lábios, suave como pétalas, fogo fátuo, desespero carnal que te possuiu... Pequenas rosas amarelas dissimuladas num mar de amor. Pequenas rosas traiçoeiras, cheias de remorso e culpa. Os dedos, ensanguentados, ao apertar esses espinhos fortes, a flor da cor do ouro mostrando-me os seu poder...
Tinha-te avisado... Avisei-te que o perfume dessa rosa era um presságio de dor e sofrimento... Mas preferiste render-te aos seus encantos, ignorando os espinhos que agora me atravessam a alma. Choro de dor ao sentir as pontadas, gemo em silêncio, grito, perdida por te ter perdido. Por te ter perdido nesses minutos em que, embriagado pelo desejo, te entregaste à doçura do seu aroma.
Doce veneno, que me persegue, me mata de ciúme. Veneno que te acompanha, ao qual és imune, que transportas até esta ferida que volta a dilacerar-se. E a cada rosa amarela, a cada pétala dourada, assalta-me a imagem desse impulso do qual tiveste consciência demasiado tarde.